A Primavera dirá

Hoje foi dia para um primeiro reconhecimento, mesmo sabendo que a pior altura para passar por uma área ardida é o dia seguinte ao fogo: a pior porque é a imagem da desolação, mas também porque é muito enganador o que se vê.


O ponto de situação sucinto é o seguinte:
1) a área que gerimos no baldio de Carvalhais, São Pedro do Sul, não foi afectada pelos fogos, prosseguiremos o previsto no seu plano de gestão sabendo que agora é a propriedade com maior probabilidade de arder nos próximos cinco anos;
2) a área que gerimos em Valadares, sobretudo uma mancha de espécies invasoras que estamos a tentar controlar, foi afectada mas é demasiado cedo para ter informação;


3) a área da nossa propriedade em Vermilhas, Vouzela, em que poucas intervenções tinham sido feitas (Dumação), apenas a abertura de um acesso, e em que estávamos a avaliar as possibilidades de fazer um fogo controlado no carvalhal em regeneração, ardeu com um fogo aparentemente intenso, e agora iremos avalar as melhores formas de avaliação, sendo certo que algumas características da propriedade estão agora mais visiveis e poderemos tirar partido delas;


4) a área que mais tem sido trabalhada e em que estava em evolução um carvalhal empurrado pelo esforço dos nossos sócios, em Vermilhas, Vouzela (Cabrieira) ardeu integralmente e, aparentemente, com intensidade.



Veremos se o esforço de dois anos de gestão foi ou não em vão, mas não agora, só na próxima Primavera seremos capazes de ter uma percepção sobre o que está vivo, e como se prevê que evoluam todas estas árvores que agora nos parecem mortas, mas que provavelmente não estão porque a sua parte radicular dificilmente terá sido afectada, como se pode perceber ao procurar ver como está o solo das áreas queimadas.


O que agora podemos dizer, com alguma segurança, é que está nas nossas mãos uma oportunidade de gestão que deve preparar o próximo fogo, que voltará daqui a doze a quinze anos, sabendo que o risco de arder é razoavelmente baixo nos próximos oito anos, o que nos dá alguma margem de manobra.
Será então na próxima Primavera, quando tudo voltar a rebentar, que teremos de reavaliar toda a situação e definir melhor o que fazer nesse intervalo de tempo.

Comentários

  1. Contem connosco para voltar a pintar de verde o nosso Caramulo!!!!
    Ainda não consegui chorar de tanta raiva pela destruição!!!!

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    1. Obrigado pela disponibilidade. Felizmente a natureza é bastante mais plástica do que pensamos e a recuperação será, estamos convencidos, muito rápida: ardeu a parte aérea, mas a parte subterrânea de grande parte da vegetação, que está adaptada ao fogo, está bem viva e vai reagir rapidamente.

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  2. E que história é essa do próximo fogo?

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    1. Todo o modelo de gestão da Montis se baseia no princípio de que o fogo é uma inevitabilidade, não uma probabilidade, ou seja, mantendo o essencial dos factores em presença, dentro de 12 a 15 anos é praticamente certo haver outro fogo

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    2. Conheço áreas de grandes árvores (mesmo em Portugal), obviamente sem ou com poucos eucaliptos ou pinheiros, onde não há memória de ter havido um incêndio. Dizer que o fogo é inevitável, em minha opinião, significa aceitar a teimosa/criminosa transformação das nossas florestas em plantações de eucaliptos e pinhal. Se quisermos parar de vez este flagelo, o caminho será abandonar a monocultura. É difícil, dado os fortes lobbies em presença, mas se a oportunidade não for aproveitada, o ambiente continuará a degradar-se e muitas pessoas poderão ainda perecer...

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